9.12.11

Recolocação a torto e a direito

Recolocação nesta época do ano nunca é fácil. Por mais que diversas vagas estejam sendo divulgadas todos os dias, é provável que os processos aconteçam mesmo a partir de Janeiro do ano que vem.

Nesse meio tempo, tenho enviado meus currículos a todas as vagas que se encaixem no meu perfil. Estou buscando uma posição de supervisão/coordenação ou gerência.

O problema é que muitas vezes os valores oferecidos não são compatíveis com a função. Tenho me candidatado a vagas para coordenador, supervisor e gerente, que são meus objetivos principais. Mas eventualmente respondo a alguns para analista.

Li em algum lugar algumas dicas de head-hunters para a "hora de procurar emprego" e eles criticam veementemente a candidatura a cargos de diferentes níveis hierárquicos.

Segundo um deles, "muita gente aplica para analista, gerente, diretor, superintendente, sem se preocupar com a descrição da vaga. Isso mostra falta de foco. Você está dizendo ao recrutador que não sebe muito bem o que quer, qualquer coisa serve."

Há várias outras questões importantes como o conteúdo do currículo, afinal, tem gente que inventa coisas. Outro ponto é cobrar uma posição quanto ao processo seletivo logo após a entrevista.

As roupas, postura durante a entrevista, pontualidade, tudo é contado no placar a favor ou contra o candidato.

E faz sentido. Se você quer ser gerente, para quê se aplicar a uma vaga de analista?

O problema é que as vagas não são coerentes. Eu uso o Catho e sempre faço buscas por vagas dentro do meu perfil e sempre uso o filtro de valor, para que as vagas menores seja automaticamente ocultadas. Dessa forma é evidente que as vagas, fora uma ou outra exceção, estejam todas de acordo com o meu perfil, correto?

Errado!

E como está errado. Mesmo selecionando a minha faixa salarial, muitas vagas para analista aparecem no meio da lista. Olhando com calma a coisa fica ainda mais estranha. Vejamos as seguintes descrições:

A) Desenvolver e implantar projetos de divulgação dos produtos e serviços comercializados pela empresa, fazer pesquisa de mercado com clientes no interior da loja e participar de eventos na área de marketing. Identificar parcerias comerciais e interagir com todas as áreas da empresa.
Desejável experiência em agência de publicidade.
Ensino Superior completo.

B) Atuar como responsável por toda a análise de vendas de produtos automotivos (lubrificantes, aditivos, entre outros), desenvolvimento de campanhas motivacionais para aumento de vendas e também promoções para clientes. Realizar contato com fornecedores para negociação de preços e promoções.
Experiência em grandes negociações, desenvolvimento de campanhas e análises. Experiência com produtos automotivos será um diferencial.
Ensino Superior completo em Administração ou Marketing.

São ligeiramente diferentes, mas podemos dizer que ambas são vagas para coordenador. Só que a primeira vaga é para Analista e a segunda, essa sim, para coordenador. E pasmem, a mesma faixa salarial. Para analista a vaga oferece "3000 a 4000" e para coordenador "3000".

Bom, na verdade a vaga para analista é mais interessante, já que há uma margem maior de negociação do salário e um analista não tem as responsabilidades de um coordenador.

Será que o analista está sendo supervalorizado ou o coordenador sub-valorizado?

Acabei de ver uma vaga para coordenador que oferece "até 1000 reais". E já vi vagas para analista oferecendo de 4000 a 6000 reais.

Avaliando as descrições dos cargos, são todos condizentes com a função de coordenador, apesar do título "analista", então porque não me candidataria a uma vaga como essa?

Acho que o que falta é mais foco na hora de anunciar as vagas. E ver o que realmente estão precisando. Oferecer "até 1000 reais" a um coordenador é até ofensivo.

26.9.11

Eu vaiaria!

Hoje em dia tudo é marketing. Todo mundo sai falando que isso ou aquilo é marketing. Um astro qualquer de novelas briga na rua e lá vem um gênio da comunicação dizendo que "é marketing"!

A principal confusão é achar que propaganda e marketing são a mesma coisa. Não são!

Propaganda é uma das ferramentas de marketing que se pode utilizar para promover e posicionar um produto, serviço ou marca. Mas hoje qualquer coisa que acontece, seja boa ou ruim, é marketing. Principalmente as mais esdrúxulas, essas as pessoas lançam na hora "é marketing"!

E às vezes até eu fico pensando: "que débil mental fez uma caca dessa?"
Tem coisas tão inexplicáveis que só podem ser propositais, como Cláudia Leite e Ivete em um evento chamado "ROCK in Rio".

E essas sandices não vem de hoje. Já vi Elba Ramalho e Carlinhos Brown no mesmo evento, em edições passadas. Quer dizer. Ver, não vi. Porque não gosto do som deles, não curto o estilo. Mas sei que foram e até lembro do Bussunda lá no evento dizendo: "Elba Ramalho?! Que que ela tá fazendo aqui? Vai puxar trio elétrico na Bahia!" E concordei plenamente com ele.

Há, contudo, os que defendem essa bizarrice. A própria Cláudia Leite o faz, alegando que ela também gosta de Rock (bom pra ela!) e que o evento não pode ser "preconceituoso".

Outros alegam que "se não quer ver a Cláudia Leite, não vá nesse dia". Ora! E o resto das bandas que tocam nesse dia? Se ao menos eles reservasse um dia só para eles, seria fácil.

Eu continuo achando que além de ser um erro colocar axé com rock, é um desrespeito ao público. Se quer ver um show de axé, vá a um.

E aí, penso eu com meus botões, o que justifica essa presença quase alienígena desses caras no palco de um evento de rock? Dinheiro? Fama? Vontade de levar uma garrafada na cabeça?

Seria (tcham,tcham,tcham, tchaaaaaaaammm..) marketing??

Bom, se for é uma estratégia furada. Sempre foi. O evento nunca vai se tornar uma lovemark, simplesmente porque ninguém se identifica com ele. Bill Cosby disse: "Eu não sei o segredo do sucesso, mas o do fracasso é tentar agradar a todo mundo".

Os produtores do evento querem ganhar de todas as formas, descobrem que além de Sepultura, alguns também gostam de axé (?), chamam a Cláudia Leite e Ivete, porque afinal, acreditam que ninguém jogaria copos nelas, como fizeram com o Carlinhos Brown. Se o som não presta, ao menos olhem as pernas delas.

Não dava para fazer isso com o Carlinhos, então foi chuva de copos e vaia. Com as beldades foi diferente. E tem muita gente que não vaiaria por respeito ao artista.

Eu vaiaria. Porque em primeiro lugar o artista não respeitou o evento e segundo, porque se isso é uma estratégia de marketing, é uma das piores que já vi. Quase tão ruim, quanto colocar um desenho de pneu numa embalagem de um produto para pneus. Pra quê?!

Eu vairia!

19.5.11

Estratégia...?

Eu sou um consumidor ávido de seriados. Sempre tenho dois ou três que acompanho regularmente e outros tantos que assisto esporadicamente.

Recentemente um deles tem chamado atenção demais. Apesar de não ser um grande fã, acho o seriado Two and a Half Man engraçado, mas longe de ser um "Friends" da vida. mas é legal, dá para se divertir assistindo o programa, mesmo tendo perdido um pouco do conceito original à medida em que Jake cresce e começa a se tornar o maior "half man" da história.

As repercussões das atitudes de Charlie Sheen, sua demissão do programa, deram um destaque imenso ao programa. O cara é o astro principal, só se mete em confusão (na vida real) e ainda ofende o produtor do programa, que por acaso, é seu chefe. Consegue ser demitido do programa e deixa uma lacuna, já que há milhares de fãs esperando a volta de Two and a Half Man e uma quantidade de dólares ainda maior, que deveriam entrar nos bolsos dos produtores.

Assim sendo, acharam um substituto para Charlie Sheen. No Sedentário & Hiperativo, um blog que acompanho, há uma nota recente sobre o assunto:


Mas para mim, isso ainda está mal contado. Pode até ser que Ashton Kutcher seja uma boa escolha para integrar o elenco, mas como explicar sua entrada e a saída de Charlie?

O conceito original do programa era justamente um vida boa que recebe a "visita" do seu irmão com o filho pequeno, e os dois passam a viver na casa dele, inclusive às custas dele.

Colocar o Kutcher no lugar de Sheen, simplesmente como se nada tivesse acontecido, não funcionará. E qualquer outra explicação terá que ser muito bem amarrada para que funcione. Tão boa que supere o argumento original e tome seu lugar.

Acho difícil que isso aconteça. Talvez com o passar do tempo, mas aí resta saber se a audiência acompanhará o programa tempo suficiente para que isso aconteça.

Então a minha teoria é que tudo não passa de uma grande estratégia para dar um fôlego novo à série. Uma guinada que não poderia ser explicada somente nos roteiros, e assim, seria orquestrada toda a situação em que Charlie briga com os produtores, é demitido e chamam outra pessoa para ficar em seu lugar.

Dessa forma, a vida real dá um "desconto" à ficção, que mesmo apresentando uma desculpa "meia-boca", acaba sendo aceita pela audiência.

E eu iria ainda mais longe. Faria os episódios com Kutcher e traria Sheen de volta mais ou menos na metade da temporada ou começo da temporada seguinte (dependendo da aceitação de Kutcher pela audiência).

Manteria assim os 4 astros na série, podendo criar dois núcleos separados (Kutcher e Sheen) que não necessariamente apareceriam em todos os episódios.

Assim, tudo não passaria de uma grande estratégia, desde a primeira festa de Sheen, até a sua demissão.

Será?

2.5.11

Mídias sociais para PMEs

Eu tenho visto uma série de grandes erros relacionados a mídias sociais e, por mais incrível que possa parecer, todos cometidos por empresas de grande porte. Multinacionais que tem a seu favor não apenas o contingente numérico para a perfeita execução de uma estratégia, mas também a verba necessária para tal. E mais! Ainda contam com a experiência de suas matrizes em outros países, muito mais avançados no uso das mídias sociais.

Então, como erram tão feio? Não há como determinar o que acontece internamente, sem um estudo em que sejam exploradas todas as nuances dos trâmites de informação dentro delas. Qualquer coisa que disser, será uma mera suposição.

Mas ao analisar, do lado de cá, cada um desses fracassos, é possível notar uma semelhança entre todos. Um fator comum que insiste em aparecer em todos os casos de náufrago estratégico em mídias sociais. As empresas parecem não ter entendido que ter "presença em mídias sociais" não significa ter uma conta no facebook, orkut, Twitter, Linkedin ou outros similares por aí.

A tal "presença" nas mídias sociais é determinada pelo principal propósito delas: a interação.

Não basta ter a conta e publicar posts que nada mais são do que propaganda dos seus produtos e sequer responder a um seguidor que envia uma mensagem direta, ou responde ao twitt.

E pior ainda é quando não levam em conta o poder da divulgação em massa das mídias sociais. Enquanto as empresas não interagem com seus clientes, estes já interagem o tempo todo com centenas ou milhares de pessoas. Assim, passam inclusive a usar de forma errada o poder das mídias sociais, já que uma reclamação torna-se um tsunami de RTs e visualizações do vídeo com a devida reclamação do consumidor insatisfeito, cujo link é enviado e reenviado incansavelmente pela rede.

Hoje em dia, todo mundo está dizendo que é preciso estar nas mídias sociais. Que é preciso investir nelas e quando algo dá errado, saem bradando o hino da força das mídias sociais. Isso tudo é pura inércia. As pessoas falam, mas ninguém para para pensar em como se deve fazer isso.

As PMEs devem aprender com o erro das grandes corporações. Normalmente as PMEs contam com pouca ou nenhuma verba de divulgação. E como fazer um bom trabalho de divulgação se cada inserção na mídia é cara? E além disso são necessárias várias delas e por um tempo determinado para que se tenha a fixação da mensagem?

As mídias sociais podem ser uma excelente opção, já que seu custo é praticamente zero.

Antes de mais nada é preciso entender que, um perfil no facebook ou twitter significa um canal com o consumidor em potencial. Mas diferente do que acontecia antes, este canal é, obrigatoriamente, de duas vias. Sempre.

Preferencialmente de resposta imediata. Isso porque quem está habituado a usar as mídias sociais, espera um retorno quase instantâneo da sua requisição. É normal, já que funciona assim entre seus amigos. Se tiver uma dúvida ou reclamação ele não usará oo e-mail ou telefone para falar com a empresa. Envia um twitt, mensagem direta, ou scrap, ou algo que o valha. E possivelmente ficará esperando pelos próximos 2 ou 3 minutos a resposta.

Então, criem páginas para suas PMEs, mas não esqueçam de estar on-line sempre.

Depois, vem a questão: "o quê divulgar"?
Isso depende muito do segmento de cada PME, mas se seguir uma média de 80% de conteúdo para 20% de propaganda, estará dentro de um padrão razoável e possivelmente criando uma legião de interessados em sua marca.

Qual a diferença entre conteúdo e propaganda? Simples. Tudo que diz respeito à sua empresa diretamente, é propaganda. Tudo que for pertinente ao ramo de atuação, mas não diretamente ligado à sua empresa é conteúdo.

Tomemos como exemplo uma loja de artigos esportivos. Qualquer notícia relacionada a esportes é interessante aos seus seguidores. Não é preciso patrocinar o evento, nem ter um link direto do tipo: "Caminhada pela paz no dia 10. Comprem seu tênis aqui!". Na verdade isto deve ser evitado.

Mas a notícia da caminhada é pertinente. Assim como resultados do futebol, previsão do tempo para o fim de semana, previsão de ondas, volume de rios, etc.

Entre uma coisa e outra, vai um link com as últimas ofertas da loja. Sutil.

Neste ponto já dá para se perguntar: "Pérai! Se eu ficarei fazendo isso o tempo todo, quem cuida da loja?"

Uma excelente pergunta, eu diria. O ideal é ter uma pessoa para gerenciar essas mídias. Hoje em dia estão criando os cargos de "Analista" e "Coordenador" de mídias sociais. Já vi até "Gerente de mídias sociais". Na minha opinião é uma tremenda bobagem.

Se você dispõe de um departamento de marketing, é lá que estará o gerenciamento delas. No máximo pode-se contratar uma pessoa que tenha afinidade com elas para realizar a manutenção da informação. Mas com um pouco de organização, até mesmo uma empresa em que o dono faz tudo, é possível ter uma boa presença em mídias sociais.

14.3.11

Dica de leitura para quem gosta de inovação

Eu tenho a mania de ler mais de um livro ao mesmo tempo. Quando não tenho urgência em terminar a leitura, mesmo sendo um livro técnico a leitura é prazerosa. Um amigo, cujo hábito de leitura é muito mais regrado do que o meu, me disse certa vez que ele sempre intercala um livro de entretenimento com um técnico. Eu procurei seguir essa regra porque achei interessante intercalar livros de ficção, com livros relacionados ao meu trabalho.

Mas percebi que quando chegava nos livros técnicos sempre levava muito tempo para terminá-los. Então resolvi ler tudo junto, assim leio uns capítulos técnicos e depois tenho um descanso lendo uma boa história.

Recentemente, estava na livraria procurando por um livro sobre novos ambientes de trabalho. Estilo Google, Pixar e outras. Tenho verdadeira paixão por ambientes que incentivam a criatividade e inovação, e queria entender mais sobre esses ambientes.

Acabei encontrando o "Nos Bastidores da Pixar" que foi uma leitura técnica e ao mesmo tempo, muito agradável.

Todos recebemos e-mails com fotos dos escritórios da Google e Pixar todos sempre dizem a mesma coisa: "isso sim é ambiente de trabalho". O problema é que eu acho que a maioria dos brasileiros, iria descambar para o "oba-oba" em vez de aproveitar e colaborar com o ambiente criativo.

Claro que não são todos, mas me parece que a grande maioria ainda não tem mentalidade para entrar em um ambiente assim.

Será?

Fui buscar mais informações, porque obviamente em um ambiente de trabalho desses deve havar alguma forma de organização. Não pode ser brincadeira o tempo todo, senão nada sai. E como fazer para não quebrar a inércia de uma brincadeira quando voltar ao trabalho?

Eu já testemunhei inclusive uma bronca geral no escritório, dada a plenos pulmões por um diretor do outro lado do salão, simplesmente porque as pessoas estavam rindo.
Foi um acontecimento engraçado, não tinha como isolar e não foi proposital. As pessoas riram e logo cessou, mas mesmo assim veio o bom e velho "vocês são pagos pra trabalhar e não para rir".

Vejo que parte do problema está mesmo na alta gerência, que ainda tem o método do chicote como forma de gerenciar seus departamentos, formando nada mais, nada menos que meros robôs replicantes. Daqueles que quando precisam de uma impressão e a máquina está sem papel, ficam lá parados do lado da máquina esperando alguém notar e vir abastecê-la.

Era um escritório onde poderíamos ter um ambiente mais descontraído e colaborativo. Difícil seria mudar a cabeça dos gerentes e diretoria.

Essa é uma premissa básica citada no livro. A inovação deve estar presente em todos os setores e em todas as escalas da hierarquia, do presidente ao porteiro. ISso deve estar presente na cultura da empresa e ela se forma de cima para baixo.

Os estúdios Pixar tem um ambiente muito descontraído, mas também muito exigente. Não que os diretores e gerentes usem a descontração como moeda de troca do tipo "Vocês tem a mesa de pingue-pongue, agora ao trabalho, quero ver algo brilhante". Longe disso. O ambiente é descontraído para que as pessoas se sintam à vontade para participar e opinar, tentar e errar. E aprender com seus erros.

Mas todos tem cronogramas a seguir, sabem o que precisam fazer e quando precisam entregar o trabalho. Isso é muito claro na Pixar.

Dessa forma, eles conseguem conciliar diversão e trabalho. Mais do que isso, o proório trabalho se torna divertido. Nesse ponto alguém com certeza vai torcer o nariz e dizer que "claro! a Pixar faz animações em computador, é muito mais legal do que o meu trabalho".

Em primeiro lugar, quero deixar claro que fazer animações em computador não é tão fácil quanto parece e texturizar e iluminar tudo aquilo, muito menos. É preciso um conhecimento técnico enorme para fazer algo assim. E é um trabalho maçante.

Em segundo lugar, no livro temos também um apêndice com vários exemplos de outras empresas que seguem a mesma linha da Pixar. Entre eles temos uma loja de roupas masculinas e um hospital.

Isso significa que qualquer trabalho, qualquer empresa pode ser criativa e inovadora. Basta querer.

Indico o livro "Nos bastidores da Pixar" para todos os gestores. Vocês podem encontrá-lo na Saraiva, ou clicando no link logo acima.

18.2.11

Su casa, mi casa

Não, o título não está errado. Eu decidi invertê-lo justamente para ilustrar o meu ponto de vista como consultor. Quando eu atendo um cliente, não estou lá pensando na minha consultoria em si. Penso no negócio do cliente como se fosse meu. Qual o problema? O que precisa ser feito? O que está errado? E é a partir desse ponto de vista que faço todas as sugestões e monto as estratégias.

Mas eu vejo alguns comportamentos no mímino incoerentes no empresariado brasileiro. Não posso dizer que seja a maioria, porque não atendi uma parcela tão grande do mercado. Na verdade, atendi uma parcela bem pequena.

Mas o que posso ver é que existem pequenos empresários que sempre serão pequenos, devido exclusivamente ao seu ego. Não se trata de pessoas que dizem: "Eu sei do meu negócio e não preciso de ninguém." Esse tipo invariavelmente acabará falindo, ou perderá muito dinheiro.

Eu faço referência àqueles que querem crescer, querem progredir, mas não sabem como. Então, chamam um profissional do mercado para ajudá-los, mas não aceitam as sugestões de melhorias e acabam por não impementar nada, consequentemente também não mudam nada.

Alguns erros comuns:

1) Eu não preciso mudar nada:
Se não precisasse, não estaria chamando um profissional de marketing ou uma consultoria em gestão. Seja qual for o motivo pelo qual o fez (muitas vezes é o fantástico "preciso ganhar mais"), se estivesse tudo bem com a forma como está fazendo as coisas, não precisaria chamar ninguém.

2) Quero só um anunciozinho: Ou um mail-marketing, ou folheto, marcador, brinde, etc. Isso não resolve nada. Serve como parte de uma estratégia maior, como um reforço a uma ação realizada, mas nunca como ação isolada. Se você precisa de mais clientes, precisa antes entender porque eles não estão indo até você.

3) O "fulano de tal" o master-blaster da área não faz isso, porque eu deveria?: Simplesmente porque você não é o "fulano de tal" master-blaster. É sempre positivo ter profissionais da mesma área como um norte. Saber quem são as referências no mercado e querer chegar ao mesmo patamar. O que nunca se deve fazer é achar que, porque fulano ou ciclano não faz isso hoje, eles nunca tiveram que fazê-lo em algum momento. Ninguém começa no estrelato, há um caminho até se chegar lá, é preciso respeitar as etapas.

4) Eu tenho um(a) amigo(a) que faz isso, sem receber nada. Porque eu deveria pagar um profissional para isso?: Porque seu(sua) amigo(a) não é profissional e você perderá tempo e dinheiro até que saia algo bom. Isso SE sair, pois o mais provável é que nada seja aproveitável. Fotografia é um meio onde isso acontece muito. É comum escutar "mas eu tenho uma máquina. Esta não serve?", "Ah! Meu amigo tem uma máquina, vou pedir para ele fazer a foto". Acontece que ter uma máquina não faz de ninguém um fotógrafo. É complicado realizar uma sessão de fotos. Se tiver modelos envolvidos é ainda mais difícil, e ao contrário do que se pensa, não é um processo rápido. O fotógrafo profissional passa anos estudando e desenvolvendo sua técnica e cada um é especializado em uma coisa. Quem fotografa produto não fotografa moda, e vice versa. Claro que há exceções, mas são raros. Isto serve para todos os fornecedores que você tem. Um bom profissional tem seu preço, não é assim com o seu produto?

5) Achar que seu negócio é feito para você: Se acha isso, já começou errado. Seu negócio, seja lá qual for, é feito sempre para o cliente, especialmente quando ele realiza o serviço dentro do seu estabelecimento. Uma lan house, salão de cabeleireiros, sorveteria, pizzaria, bar, café... Seja o que for, seu ambiente deve estar adequado com o seu negócio. Há sempre um conceito a seguir, um tema central que define seu negócio. Essa é a mensagem que deve ser passada ao seu cliente. Portanto, de nada adianta você se achar equiparado ao bam-bam-bam do seu segmento, ter preços equivalentes, se o ambiente que você entrega ao cliente é "meia-boca". A comunicação diz tudo. Quem você é, o que faz, qual a sua proposta. Tudo deve estar de acordo com seu conceito. Se não sabe qual é, descubra rápido.

Para que você possa mudar e melhorar seu negócio, é preciso ter humildade para aceitar as mudanças que são necessárias e deixar a preguiça de lado e fazer o que é preciso para chegar lá. Nenhuma mudança é feita sem alguma resistência, mas se são os donos/chefes que se opõem a elas, quem dirá os funcionários?

Não existe melhoria só fazendo as mesmas coisas de sempre.

7.2.11

Quem compra o quê, de quem e porquê?

Quando estava trabalhando no marketing da holding petroquímica, vivenciei muitas situações que me mostraram o quão difícil é conseguir implementar um bom planejamento de marketing quando a empresa não está preparada para isso.

Tínhamos uma política de preços agressiva, por exemplo nos postos de combustíveis, o preço era reajustado diariamente de acordo com a média da concorrência da região. E sempre procurando manter 5 ou 10 centavos abaixo do menor preço ou da média, sendo preferencial o menor preço.

Isso fazia com que fosse necessário vender uma quantidade absurdamente maior de combustível para se obter o mesmo faturamento, o que não significa que isso trará maior lucro. Por vários motivos, um deles é a própria logística necessária para abastecer os postos com combustíveis. É preciso enviar um caminhão à distribuidora, enchê-lo com os combustíveis e levar até o posto para descarregar. Tudo isso tem um custo.

E no final quem é que estava comprando esse combustível? Ninguém sabe até hoje. Mas com política de preço baixo, os clientes atraídos são, na sua grande maioria, pessoas interessadas apenas no preço, não na qualidade. Isso significa que a partir do momento que o posto vizinho baixar um centavo, eles passarão a abastecer lá.

E nós tinhamos uma ferramenta de extremo valor em nossas mãos: controle de qualidade.

"Mas todas as redes tem isso", certo? Sim, corretíssimo. Mas o foco é outro. As outras redes tem postos franqueados, então precisam saber se o franqueado está seguindo as regras corretamente. No nosso caso, todos os postos eram próprios e a estrutura de produção era verticalizada. Nós tínhamos todas as empresas necessárias dentro da holding.

Isso nos possibilitava saber exatamente o que estava sendo vendido. Uma arma que poderia facilmente ser utilizada para determinar uma política de preços mais altos e estáveis, e vender qualidade antes de mais nada.

Poderíamos vender menor, faturar e lucrar mais, mudar o posicionamento de mercado e até fidelizar clientes, coisa que antes parecia impossível.

Bom, e o que podemos aprender com essa história? Algums pontos que podem ser utilizados em qualquer empreendimento.

1) Saiba qual é o posicionamento da sua marca: Não importa o que você faça, sempre existirão concorrentes e aqueles que fazem "algo parecido". Nem todo mundo que oferece o mesmo serviço ou produto é seu concorrente.

2) Adeque seu atendimento, produto ou serviço de acordo com o nicho em que está:
Não adianta cobrar caro, alegando que o público local é de alta classe, ou que seu aluguel é alto, mesmo que a sua experiência o valha, se não atender esse público altamente exigente da forma como ele espera ser atendido. Equipe uniformizada (a partir dos chefes! Estes tem que dar o exemplo!), atendimento cortês e padronizado, eficiência e antes de mais nada, bem executado.

3) Fale com seu público: Se você presta algum tipo de serviço, isto é ainda mais importante. Falar com seu público (ou target), não significa só bater papo com ele. Tudo que você apresenta é comunicação. Então desde a fachada, recepção até a decoração interna da loja, devem estar de acordo com a proposta do seu negócio.

4) Comunicação de duas vias: É importante lembrar que uma conversa se faz com dois ou mais interlocutores, logo, dê espaço ao cliente para que ele possa se manifestar, reclamar, sugerir, pedir. Elogios também acontecem, mas é raro.

15.1.11

Durma com esse barulho

A situação financeira do brasileiro melhorou nos últimos anos. Não é um comentário a favor do governo Lula; que descaradamente impune às denúncias de corrupção continua no poder com a agora presidente, Dilma; mas uma constatação infeliz.

Sou contrário à melhoria do padrão de vida do brasileiro? Claro que não, afinal eu sou um deles e quero um pedrão de vida melhor. Trabalho para isso e pago dezenas de impostos em cascata e tributos dos mais diversos, que vão para o bolso de alguém e não retornam em serviços públicos de qualidade, como saúde, segurança e educação.

Este último, aliás, um ítem que anda muito esquecido. É comum ouvir as pessoas dizendo que "para o Brasil melhorar, é preciso investir em educação". O que todos esquecem, e incluem-se aí todos os defensores de uma educação pública de qualidade, é que educação começa em casa.

O ensino público precisa sim, de uma reforma urgente, de professores mais bem preparados e melhor remunerados. Mas isso depende de milhões de outros fatores para acontecer. Enquanto isso, existe um outro lado da educação que está completamente esquecida e, aparentemente, à medida que a situação financeira melhora, esse quadro se torna ainda pior.

Hoje temos uma economia bastante estável. A inflação existe, mas ainda não se descontrolou. Pode vir a acontecer em breve, mas ainda se sustenta em um patamar controlável. Essa estabilidade econômica, aumenta o poder de compra e com a enxurrada de produtos de baixa qualidade e preço no mercado, o poder de compra é ainda maior.

O que isso tem a ver com educação? Simples. Hoje podemos perceber em qualquer lugar, pessoas com um carro em que há um potente sistema de som instalado (o que não significa qualidade de som, apenas potência sonora) e que se julgam no direito de usá-lo a toda potência em qualquer lugar e horário.

Ora, se eu posso comprar e instalar eu posso usar. Sim e não. Aqui vale lembrar o ditado "seu direito termina onde começa o do outro". E isso é a base da educação: respeito.

Respeito às leis.
Respeito aos limites.
Respeito às pessoas.

Reclame com um viznho barulhento e peça para que abaixe o som e ele provavelmente responderá que "eu estou na minha casa e ouvindo o meu som". E ele realmente tem esse direito, o qual defende aos brados inconformados com a petição alheia. O que ele não lembra é que o vizinho tem o direito ao silêncio e a realizar seus afazeres, sejam domésticos, profissionais ou de lazer, sem interferência externa.

As pessoas tem direitos e querem se valer deles, mas se esquecem dos deveres. Querem respeito sem respeitar ninguém.

Isso pode ser notado em qualquer posição social. O som exageradamente alto pode ser notado em Fuscas e Gol dos modelos mais antigos até em Audis e BMWs de último modelo. E essa educação deveria ser dada em casa.

Houve um tempo em que eu via apenas os mais favorecidos tendo atitudes como essa. Era um comportamento de "playboy", "mauricinho", ou qualquer outro adjetivo para os filhos abastados da alta sociedade.

E vi, um sem número de vezes, mães e pais dos mais simples, repreendendo seus filhos quanto à atitude e exigindo deles respeito ao próximo. "Nós somos pobres, mas temos educação!"- disse uma mãe ao filho que fez uma malcriação a uma senhora que passava e o fez pedir desculpas à senhora.

Hoje eu vejo exatamente o oposto. A regra é não respeitar ninguém. Compre um aparelho de som, mesmo que seja chinês e de péssima qualidade, mas que tenha potência suficiente para ser ouvido a 4 casas de distância na sua rua, e ligue na potência máxima.

Vai ao Shopping? Não perca tempo procurando vaga. Pare na vaga dstinada a idosos e a deficientes físicos. Lembrando que a vaga de deficientes não é para quem leva um deficiente no carro, mas aos deficientes que dirigem e portanto não contam com auxílio para descer do carro e se deslocar até o shopping.

Mude de faixa sem usar a seta (ou pisca-pisca), de preferência com o braço para fora e o mais rente possível ao carro que está na faixa de destino, a popular "fechada". Ou então ande na faixa da esquerda, destinada apenas à ultrapassagem, e de preferência em uma velocidade abaixo da máxima permitida. Ao ver pedestres chegando à faixa de pedestres, acelere. Essa também vale para quando você vê um motorista com a seta ligada indicando que vai mudar de faixa. Acelere para que ele não tenha espaço.

Essas são algumas das atitudes que eu só posso classificar como uma estupidez sem tamanho. Para que algo realmente mude, o brasileiro precisa parar de se lembrar apenas dos seus direitos (e nem isso consegue respeitar, já que tenta transformar em direito seu o que é trantorno aos outros) e se lembrar dos seus deveres.

A boa eduação começa em casa. Respeito aos mais velhos, aos professores, às leis, às regras de forma geral, às pessoas. São detalhes que fazem toda a diferença. E quando tiverem a consciência dos seus deveres, e conseguirem cumprir essas regras tão simples, aí sim, terão razão em defender seus direitos.