18.2.09

Fantasma!!!

Eu participo da lista de discussões do Brainstorm9 (quem não conhece o site, vale a pena visitá-lo: www.brainstorm9.com.br) e recentemente rolou uma conversa sobre a validade dos anúncios fantasma.

E embora pareça muito simples para quem já é da área, isso pode ser um bicho de sete cabeças para quem está começando ou pensa em entrar nesse mercado.

Então resolvi postar este pequeno texto, baseado numa resposta que enviei no meio da discussão (no bom sentido, claro. Lá dificilmente tem quebra-pau,hehehe). Espero que seja útil para quem está no começo da estrada.

Nesse meio escutamos muita coisa, eu mesmo achava que só poderia colocar na minha pasta trabalhos qeu tivessem sido finalizados, aprovados pelo cliente e veiculados. Logo eu tinha uma pasta cheia de trabalhos até bem feitos tecnicamente falando, mas fora uma ou outra exceção, muito pobres em criatividade.

Então tive a sorte de trabalhar com um cara, que se tornou um grande amigo e que hoje é diretor de arte da Lew,Lara, que pediu para ver a minha pasta. Ele sempre andava com a dele e no final do expediente ele viu todos os meus trabalhos.

Então me mostrou a pasta dele. Era fantástica, tive que tomar o maior cuidado para não babar em cima dos layouts. Uma idéia melhor que a outra, muito bem montados, layout elegante, bem diagramado...

"Cara, onde saíram estes anúncios?", perguntei. Ele riu e disse: "Em lugar nenhum, tá louco? Acha que eu estaria trabalhando aqui (era uma agência pequena) se tivesse veiculado tudo isso?".

Então ele me explicou que fazer anúncios fantasma é uma prática muito comum, não só dos candidatos a diretores de arte como dos que já tem mais tempo de estrada. Isso acontece quando a idéia é boa, o cliente não aprova por algum motivo ou então a idéia é ótima, mas nãto tem cliente na agência dele que possa usar a idéia.

Até então eu achava que anúncios fantasma não tinham o menor valor, já que eram feitos sob condições perfeitas de criativade e pressão, sendo o restante totalmente desprezível. Para mim, o que valia era aquilo feito na correria do dia, passando intacto pelo atendimento, chegando ao cliente e retornando "o menos deformado possível".

Daí eu vi que não era bem assim. Minha pasta não chegava aos pés da pasta do meu amigo. E comecei a fazer anúncios fantasma também. Montei uma outra pasta somente com trabalhos realizados, o que foi muito bom já que com essa premissa, os diretores de arte já davam um desconto na hora de avaliar, porqu esabem que ali teve dedo de chefe com mau humor, atendimento que comeu "Criativitos" no café da manhã e principalmente, do cliente.

Na lista de discussão rolou uma história sobre algo que supostamente o Olivetto disse em uma palestra ou algo do gênero. Que devemos tomar cuidado com os fantasmas porque os diretores de arte chegam até a se recusar a ver uma pasta cheia deles. Tem que no mínimo ter sido inscrito em algum concurso.

Não sei se ele disse mesmo isso, mas o fato é que uma afirmação dessas é no mínimo infundada. Se tomarmos como verdade que isto é uma afirmação do Olivetto, ele pode até ter essa postura (e quem sabe orientar o pessoal da sua agência assim), mas via de regra todos os diretores de arte de diversas agências por onde passei com o meu pequeno "Receptáculo" em baixo do braço, me atenderam muito bem.

E todos fizeram críticas muito construtivas que até hoje me ajudam muito quando estou criando qualquer coisa.

Valem algumas dicas para se fazer um anuúncio fantasma. Já que você não tem o cliente, nem verba, nem nada para podar sua criatividade, utilize o formato de página dupla. Você terá mais espaço para diagramar os elementos do anúncio e mostrar melhor sua idéia.

Falando em idéia, não basta que ela seja genial, você ainda precisa transportá-la para o papel. Se a sua idéia for muito complexa, pode ser que não consiga executá-la muito bem e aí pode acabar destruindo tudo. Se é muito difícil é porque ainda não está no momento de você produzir algo assim (falta experiência) ou então é impossível.

Faça uso dos recursos disponíveis, câmera digital, tablet, internet, scanner, etc. Hoje é muito mais fácil fazer uma boa produção. Eu não passei pela época do past-up, mas era bem mais complicado. Basta dizer que para eu produzir uma foto para um fantasma, eu tinha que bater várias fotos, mandar revelar e ampliar (torcer para que ao menos uma fosse aproveitável)e então escanear em algum lugar, já que o scanner era caro pra burro.


Escolha sempre produtos que sejam fáceis de conseguir e com os quais você esteja familiarizado (pelo menos no início, vai facilitar bastante). Por exemplo, você teve uma idéia genial para o lançamento do novo Audi. Maravilha. E onde você vai conseguir a imagem do carro, na posição que você precisa, com a qualidade mínima necessária? Já um tubo de pasta de dente, creme para o rosto ou sorvete é bem fácil.

Monte uma pasta com uns 10 anúncios e ligue para as agências dizendo que você é aspirante a diretor de arte (seja gentil com as atendentes, normalmente elas são as recepcionistas e além disso costumam ser muito bonitas)e que quer mostrar sua pasta. Pergunte se algúem poderia atendê-lo. Elas estão acostumadas a isso e os diretores de arte também.

Eu mesmo avaliaria uma pasta com o maior prazer. É uma retribuição ao apoio que recebi dos outros diretores de arte.

E boa sorte!