9.1.12

Publicidade, propaganda e marketing

A popularização das coisas tem um efeito engraçado. Quanto mais popular um tema é, mais especialistas nele aparecem. Um bom exemplo é o futebol. O esporte com maior audiência (para muitos, é o único esporte praticado no Brasil), tem também o maior número de técnicos por metro quadrado, já que todo espectador acredita piamente que saiba mais sobre o jogo do que os profissionais em campo.

Em alguns casos pode até ser verdade, mas o fato é que todos que são fãs árduos do esporte e tem um time do coração, palpitam e criticam as táticas, as jogadas, os técnicos, a arbitragem e tudo mais que estiver em campo, com a propriedade de um Charles Miller.

Da mesma forma acontece com os assuntos da moda. Quem nunca chegou em uma roda de amigos, ou em um grupo que conversa na sala de café e descobriu que o assunto tão fervorosamente discutido era que "fulano está jogando", "cicrano quer só fazer intriga" e outros jargões criados por apreciadores de "uma espiadinha"?

A mesma coisa acontece com profissões. A minha, especialmente.

Quando o computador se tornou acessível, houve um boom de pseudo-publicitários. Digo isso porque naquele momento havia uma ferramenta muito útil, o computador, mas que pouca gente sabia usar. E os que sabiam usar, muitas vezes entendiam de programação e não do uso dos programas em si.

Foi uma janela que muitos aproveitaram para fazer uma graninha extra. Instalava-se o Corel Draw, Photoshop e pronto! Uma agência completa a troco de algumas horas trocando as dezenas de disquetes necessários para a instalação.

O problema é que saber usar o programa, não significa que você fará qualquer coisa bem nele. E muito cliente pagou caro por um serviço péssimo.

Isso acontece até hoje, já que os computadores estão cada vez mais acessíveis e as versões "piratex" fervilham na internet.

Só que a coisa não parou por aí, de uns tempos para cá, tudo virou marketing. Fez um folheto, é marketing. Comercial para tv? Marketing. Lançou produto novo? Marketing também. E loja virtual? É marketing, claro.

Marketing, hoje, é como virose. Quando um médico não sabe o que você tem, é virose. Ou lúpus, se for o House, mas eventualmente ele mudará o diagnóstico no decorrer do tempo.

Marketing é um conjunto de estratégias que visa, principalmente, lucro. Claro que existem estratégias para muitas finalidades, mas para qualquer uma, o lucro será sempre a secundária, se não for a principal.

Dentre essas estratégias estão as campanhas publicitárias. Publicidade é um conjunto de ações que visa divulgar um produto ou serviço. Mas para não criar confusão, vamos dizer que publicidade é usar ferramentas de propaganda para tornar algo conhecido.

"Mas então publicidade e propaganda não são a mesma coisa?", alguém pergunta.
"NÃO, CAIXA D´ÁGUA! NÃO!!", seria a resposta ao modo de um professor que tive no cursinho pré vestibular.

A progapanda é a peça em si. Um anúncio de revista, é propaganda. Um outdoor (onde o prefeito tem mais que um neurônio e não os proibiu) é propaganda. E folheto distribuído na rua e que nunca é jogado em vias públicas? Propaganda. Homem sanduíche? Propaganda. Muro pichado? Isso é vandalismo, e vandalismo é crime.

Então recapitulando, um anúncio é propaganda, enquanto vários deles desenvolvidos para o mesmo fim é publicidade e a publicidade é uma das estratégias usadas no marketing.

Se você está pensando em ingressar em uma faculdade, ou fazer uma pós, lembre-se disso. Se for um dono ou diretor de uma empresa, lembre-se disso duas vezes ao dia, pelo menos e contrate profissionais éticos para a sua empresa.

E em qualquer dos casos, se forem até o departamento de marketing, ou tiverem a oportunidade de conversar com um profissional, e quiserem palpitar, façam como os fãs de futebol. Primeiro, estudem muito o assunto. Ao menos 90 minutos, duas vezes por semana. Em alguns anos farão comentários muito pertinentes e perceberão as sandices que falavam antes disso.

2 comentários:

GL Comunicação disse...

Por isso é tão difícil ser publicitário e técnico de futebol no Brasil. E bem ou mal, as mídias digitais estão aí, como canal e publicidade para qualquer um.

Pipoqueiros, sorveteiros e vendedores ambulantes em geral sempre venderam e propagandearam seus produtos e serviços.

Hoje, o pequeno empreendedor pode fzer um blog, uma webstore, um facebook... Hoje você pode fazer check in do Pasteleiro Josias no Foursquare.

O Alex Atala pode fazer feijão no DOM, mas ele tem que encarar o fato de que todo brasileiro como isso todo santo dia.

Se a pessoa está familiarizada, perita ou não, ela tem opinião e ACHA um monte de coisa.

Ricardo disse...

Olá GL Comunicação, bem vindo ao blog e obrigado pelo comentário.
É verdade, mas no caso do futebol ao menos as pessoas acompanham os jogos, lêem ao menos duas colunas de esportes, sem contar os programas de rádio e tv que comentam semanalmente as partidas.
Continua sendo achismo e tudo é chute, mas ao menos tem algum embasamento.
No caso do marketing ninguém lê ou estuda sobre o assunto e quando o faz, acha que lendo uma matéria em um blog já é suficiente.
Por isso tanta confusão a respeito de algo muito básico como a diferença entre propaganda, publicidade e marketing.
É como você disse, o indivíduo ACHA que sabe um monte de coisa! :D
[]´s

Ricardo Araki